segunda-feira, 30 de março de 2015

No silêncio



Pensei que era o mar o bálsamo mas agora hesito.

Creio que é o silêncio o meu bem maior, o modo como se ouve o vento, o seu som a abanar os pinheiros, o chilrear das aves, as rochas imponentes nas suas escarpas a pique.

Os campos manchados de flores, os rios que cavam as rochas para encontrar o mar, as cegonhas com ninhos por todo o lado.

É o mar mas não é só o mar. É ter quase tudo desligado, acordar sem o comboio, o som dos carros, as pessoas que falam na rua. É acordar nessa imensa quietude.

É a beleza profunda que apesar de tanto estrago a natureza ainda guarda. É ter vontade de chorar, emocionar-me pela paisagem, pela sua grandeza.

Eu própria, tantas vezes tão faladora, calo-me mais, apetece-me mais a pele, o falar do corpo.

Silencio-me, a primavera esmaga-me e cura-me.

~CC~


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