terça-feira, 9 de agosto de 2016

Voltar à praia onde fomos felizes



A nostalgia relativa ao passado não costuma invadir-me.

Mas hoje vi com esses olhos nostálgicos as meninas a brincar Verão atrás de Verão naquela que foi a praia mais significativa da(s) sua(s) infâncias. A felicidade daqueles momentos só agora me é dada a ver com clareza, não tínhamos consciência dela. Somos também felizes agora, de outro modo é certo. Quando se cresce os laços deslaçam-se mais, a pressão que as meninas faziam para estar juntas também nos juntava mais a nós, adultos.

A praia também mudou, encheu-se de gente, tornou-se moda, ao mesmo tempo que se deteriorava: a areia diminuiu, o mar ficou coberto de algas, fomos assim abandonando aos poucos a ideia dos 20km de distância que na altura mal nos custavam a fazer. Voltámos hoje, eu com receio de me desiludir novamente. Mas não, parecia a mesma praia de antes, até os caranguejos voltaram a encher a ria na maré baixa. A única praia que tem um único vendedor de bolas de berlim, o único que nem precisa de as apregoar, tal é a clientela.

Lemos agora lado a lado, vamos ao banho e ela demora-se mais do que eu, mesmo sem ficar com os lábios roxos da infância. Caminhamos, rimos, calamo-nos. Ainda somos felizes e a praia ainda está aqui, tão bonita, tão cheia de vida. Logo, logo, haverá uma pequena piscina formada pela maré ao encher e os meninos e as meninas deitam-se nela à espera das ondas pequeninas que não os podem magoar. Vejo-os, vejo as nossas meninas. 

Ter lugares é ter passado e ter passado é ter uma identidade, reconhecê-la, mesmo quando ela é tão mosaico como a minha.

~CC~




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